Para a física, densidade é definida como a relação entre massa e volume. Para a geografia, densidade é a relação entre população e território. No entanto, para as Artes, a densidade, tal como um dogma, é algo que ninguém consegue definir, mas é perceptível a sua existência.
O filme Preciosa, com direção de Lee Daniels, concretiza perfeitamente a abstração desse conceito. A atuação de Gabourey Sidibe é atordoante no papel de uma adolescente obesa de 16 anos que cresce rodeada por violência doméstica e engravida de seu pai duas vezes, sendo um dos seus filhos portador de síndrome de Down. A fotografia é pesada e suja para retratar a vida marginal da protagonista e a sonoplastia é cuidadosamente mal acabada, o que incrivelmente se torna condizente com o mundo negro e suburbano do Harlem dos anos 1980.
O roteiro torna a vida de Claireece "Preciosa" Jones uma tortura para quem assiste ao filme. Quando o telespectador acha que a vida da personagem vai dar uma reviravolta e a narração seguirá o clássico hollywoodiano do final feliz, é surpreendido por mais desgraças cruelmente narradas por um enredo não linear e, permitam-me usar a palavra, denso.
Preciosa não é um filme que nos leva à reflexão. O espectador não consegue torcer, nem vibrar, nem se entristecer. É um filme que nos deixa passivos diante da desgraça alheia. O objetivo é mostrar que somos amorfos diante da sucessão de tragédias descritas por Lee Daniels.
Quanto à atuação de Mariah Carey, não há o que se falar, ela é apenas uma figurante.
Com o perdão da puxa-saquice, vc tem sido brilhante. Queria ser chato, mas só consigo manifestar minha chatice neste comentário sendo meloso demais.
ResponderExcluirja li isso antes.
ResponderExcluirso que o nome da outra era Macabéa.
Acho que Preciosa é mais cru e realista que A Hora da Estrela. Se fosse para comparar com a literatura brasileira, seria O Ateneu de Raul Pompéia.
ResponderExcluirFaço minhas as palavras do Maia.
ResponderExcluir