"O tempo presente e o tempo passado/ Estão ambos talvez presentes no tempo futuro/ E o tempo futuro contido no tempo passado.”
Esses versos de T.S. Elliot nos lembram que não existem temas esgotados na arte. Releituras e atualizações de alguns tópicos são importantes na reciclagem artística. No entanto, esse exercício é inútil quando não se acrescentam novas perspectivas críticas e analíticas. A simples replicação é preguiça mental.
Avatar, com direção de James Cameron, segue o roteiro clássico de uma sociedade nativa pura ameaçada pelo expansionismo do homem branco, explorador e ambicioso, atrás de recursos naturais, que surge para acabar com a vida de harmonia com a natureza dos povos autóctones. Para o discurso politicamente correto não ficar chato, um dos conquistadores se apaixona por uma nativa e tem seu coração purificado pelo amor.
Esse enredo água-com-açúcar já foi contado na literatura, de relance me lembro de Caramuru (Santa Rita Durão) e Iracema (José de Alencar); na música, por O Guarani (Carlos Gomes) e no cinema, alguns exemplos são Pocahontas e Anna e o Rei.
Avatar reconta todos esses clássicos adaptando-os à ficção científica. Em vez de usar um navio, James Cameron usa naves espaciais. Em vez de índios, usa extra-terrestres. Em vez de um marinheiro náufrago como herói, usa um mariner paraplégico. A única coisa que fez falta foi Colors of the Wind como trilha sonora.
James Cameron teve zero de criatividade no roteiro. Fez bom uso dos 500 milhões de dólares de orçamento, aplicando-os em tecnologia. Artifício que funcionou com um público cada vez mais fascinado por parafernálias da Era Apple, mas incapaz de apreciar uma história bem contada.
Avatar é um caso típico em que a tecnologia não é usada como instrumento para a inteligência, mas é uma muleta para um filme fraco e sem nenhuma história para contar.
Perdi 2 horas e 30 minutos da minha vida vendo esse filme.
O filme emociona tanto quanto Pocahontas ou similares padronizados e feitos em escala industrial. Uma pena, realmente. Nem os efeitos 3-D deixaram de decepcionar.
ResponderExcluirHAHUAHUAHUAHUUAHUHA
ResponderExcluirqueridos, tao logo volte eu farei posts sobre como perder a cabeca e os bolsos no estrangeiro
att,
thatcher
acho que seria mais interessante entender o porque do sucesso do filme do que simplesmente fazer críticas que pouco acrescentam...
ResponderExcluircriticar o enredo é muito fácil, tanto mais quando se esquece que a grande maioria das obras de arte são e foram feitas sobre histórias mais ou menos semelhantes...
a genialidade das grandes obras está na forma de contar a história, não na história em sí...não fosse assim dom casmurro e primo brasílio seriam apenas mais duas histórias sobre traição
ainda não pude ver avatar, e confesso que ainda não me senti vontade de ver...mas não dá para ignorar que o filme foi o maior sucesso de bilheterias da história, passando em poucas semanas o que "titanic" do mesmo diretor conseguiu em 3 anos
por que?
algum (grande) mérito tem esse diretor
Acho que o Cameron soube vender bem uma Coca-Cola ou um hamburguer. O produto é batido, é o mesmo de sempre, mas é gostoso e com um diferencial a mais todo mundo quer provar.
ResponderExcluirEnfim, o grande público saiu do cinema dizendo que o filme é chato? Não, não saiu. Como cinema também é entretenimento, eis o grande/pequeno mérito do diretor: vendeu aventura barata no conteúdo e cara na forma. Deu certo? Bem, o cofre tem a resposta.
Por outro lado, se cinema também é arte e tantos outros critérios mais subjetivos e tênues entrarão na conta, é hora de chutar Avatar para o gueto Geek de onde ele saiu!
Será que o azul do filme é uma referência implícita à fase azul de Picasso?
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