Este blog é um esforço civilizatório pelo bom gosto.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Harmonização

Após longo jejum no blog, me proponho a elencar sugestões de harmonização.

Antes da primeira tentativa, contudo, convém delinear a proposta. Harmonizar significa conciliar, colocar de acordo duas ou mais coisas. Ou, ainda, combinar, conjugar. Ou, por fim, equilibrar, simetrizar.

Todos já ouviram falar da essencial arte de harmonizar vinhos e comidas. Trata-se de ‘arte’, segundo vejo, porque a harmonização varia com o paladar e o olfato de cada um, de modo que não se aprende a harmonizar vinhos (ou outras bebidas) e comidas; mas tenta-se, equivoca-se, acerta-se e, com o tempo, a tendência é acertar cada vez mais. E é ‘essencial’, porque vinho e comida em desarmonia tornam-se ou um desprazer ou, no mínino, um desperdício de tempo e dinheiro.

Minha proposta não é sugerir combinações entre esta casta e aquele prato, mas algo mais ambicioso. Tentarei inventar, com base em experiências sensoriais de finais de semana, um todo harmonizado. Mantendo-me em níveis mais gerais, a fim de evitar propostas demasiado enfadonhas, indicarei momento, ambientação, música, vinho e, talvez, alguma comida. Espero, após esse exercício, poder, eventualmente acertar alguma combinação.


Tentativa n° 1 de harmonização:

Visita a uma casa de amigos, informal, sem motivação aparente além da vontade de estar lá. Parece-me que em um clima de descontração, pessoas conversando sentadas em puffs ou mesmo no tapete, em uma noite levemente fria, combina com um vinho tinto leve e de fácil paladar, i.e, agradável sem ser muito complexo. Uma excelente sugestão é o Woodbrigde, de Robert Mondavi, um cabernet sauvignon que tive o prazer de conhecer com os outros Chatêaux. Como música de fundo, baixa para não competir com o tom de voz das pessoas, indico, entre centenas de outras possibilidades, a sinfonia n° 1 de Haydn, a qual me parece ter as mesmas características do cabernet sauvignon do Mondavi.

Não tive, ainda, oportunidade de testar essa combinação. Alguém se habilita?

domingo, 15 de agosto de 2010

Sobre o dandismo: Tom Wolfe

Tom Wolfe nasceu em Richmond, Virginia. Tom Wolfe foi criado em uma família presbiteriana.
Tom Wolfe é filho de pais cultos e ricos, um bocado ricos.

Tom Wolfe é um WASP, um bom WASP.








Thomas Kennerly Wolfe Jr. nasceu em 02 de março de 1931. Ficou conhecido por ter encabeçado o movimento do New Journalism nos anos 1960 e 1970. Crítico afiado do falso-moralismo que permeia sua sociedade, Wolfe não poupa os hipócritas à direita e esquerda. Em obras como Escândalo no Forte Bragg ele expôs o ridículo dos brucutus brancos do sul e, ao mesmo tempo, deu entrevista ao New York Times defendendo o voto no Presidente George W. Bush e apontando o dedo nas hipocrisias e patrulhamento da intelectualidade Democrata.


Mas não vamos tratar aqui das habilidades intelectuais do nosso vencedor do American Book Award. Falemos de algo mais. Falemos de dandismo.
Curioso saber que o ícone do dandismo aderiu ao terno branco como que por um acidente. Em 1962 ele havia comprado o terno p/ utilizá-lo no verão. O que ocorreu foi que o material era tão pesado que acabou sendo obrigado a usá-lo durante o inverno. A iniciativa gerou um falatório tão grande que o autor decidiu aderir ao novo estilo. Daí tiramos uma lição: um dândi não pode sê-lo sem querer fazer o óbvio: chamar atenção.


Tem gente que crê que qualquer coisa que não seja discreta é deselegante, em especial quando falamos de homens. Acho limitado demais, medíocre demais.
Se a inteligência de Wolfe não é discreta, mas apurada ao ponto de ser luminosa, por qual razão suas roupas deveriam seguir destino diferente?


Afinal, você não precisa ser uma personagem de Fogueira das Vaidades para ter seu bom senso estético.