Este blog é um esforço civilizatório pelo bom gosto.

sábado, 31 de julho de 2010

Sobre o dandismo - Parte I





One who studies ostentatiously to dress fashionably and elegantly; a fop, an exquisite."

Eis a definição disponível no Oxford English Dictionary para "dândi". Essa figura, que se veste com esmero apuradíssimo, costuma ter hobbies de origem aristocrática, linguagem e modos refinados e pratica o que podemos chamar de culto aoSelf.

O dandismo tem origem na Europa do fim do século XVIII e início do XIX. A postura de um dândi sempre gerou controvérsia a respeito do significado de sê-lo. Afinal, seria apenas uma manifestação rasa de um espírito esnobe ou mais uma manifestação cultural com algum valor além de puro materialismo?



A definição de Baudelaire parece-me a mais justa (perfeita, para ser bem claro):

"Dandyism in certain respects comes close to spirituality and to stoicism" e "These beings have no other status, but that of cultivating the idea of beauty in their own persons, of satisfying their passions, of feeling and thinking .... Contrary to what many thoughtless people seem to believe, dandyism is not even an excessive delight in clothes and material elegance.For the perfect dandy, these things are no more than the symbol of the aristocratic superiority of his mind."


As vestimentas devem ser a manifestação do nosso estado de espírito. Baudelaire estava muito certo e vou tratar um pouco melhor disso no próximo post: Sobre o Dandismo - Tom Wolfe.




domingo, 25 de julho de 2010

Tudo Pode Dar Certo


O conto é a menor das narrativas. É breve e simples. Não há espaço e tempo para sutilezas. Pequenos detalhes cotidianos tornam-se protagonistas da ficção, num enredo que condensa e economiza meios narrativos para ser objetivo e direto ao máximo. Woddy Allen, no seu mais recente filme, Tudo pode dar certo (2009), segue à risca a estratégia dos contistas e talvez por isso tenha sido tão criticado pela mídia. Allen abusa dos estereótipos, apela para exageros e para ironias óbvias. Seu filme é como vários contos reunidos em uma grande narrativa que busca resumir em somente uma história o panorama social dos Estados Unidos atual. Talvez este tenha sido o erro de Allen. Os contos são ótimos para narrar pequenos retratos cotidianos que em sua singularidade representam um contexto geral, no entanto Allen quis falar muita coisa em apenas um filme usando a objetividade dos contos. A receita não deu tão certo.

O filme narra a história do sessentão novayorquino Boris Yellnikoff (Larry David) um físico divorciado e frustrado com a vida que se acha consciente da mediocridade do ser humano e por isso tenta se matar para não viver num mundo tão pequeno para sua genialidade. A postura niilista de Boris vai contrastar com a ingenuidade de seu improvável par romântico, a caipira Melody St. Anne Celestine (Evan Rachel Wood), algumas dezenas de anos mais nova. Melody fugiu de sua casa no Mississipi porque não aguentava mais viver numa família protestante e conservadora e acaba sendo albergada por Boris, com o qual acaba casando. Os pais de Melody vão atrás da filha e seu convervadorismo entra em choque com o liberalismo moral de Nova York, o que resulta em ótimas cenas de comédia.

Tudo pode dar certo não é um dos melhores filmes do diretor, mas vale a pena assistí-lo. Suas críticas sociais são super engraçadas e os diálogos fazem jus à genialidade de Allen. Larry David não tem uma atuação muito complexa já que causa apenas reações previsíveis nos espectadores, o que nos leva a sentir falta do próprio Woddy Allen fazendo o seu papel. O destaque é a atuação de Evan Rachel Wood. A atriz mostrou-se uma ótima comediante após se destacar em dramas como O Lutador (2008) e Aos Treze (2003).