Passeando pelos cardápios do Restaurant Week percebi que vários deles ofereciam pratos servidos com mostarda Dijon. Parece uma tentativa de chefs sem criatividade de dar sofisticação a pratos simplistas e baratos. A arte da gastronomia econômica e com qualidade deve ser prestigiada, mas o esforço se torna falho quando se apela para o óbvio. Depois de termos passado pelo fetiche da Nutella, pela Mozzarella de Búfala, pelo tomate seco, pelo queijo Gouda, a bola da vez nas cozinhas de Brasília é a mostarda Dijon.
No festival de gastronomia a vemos no escalopinho de filet da Alice Brasserie, no escalope de filet mignon (de novo) do Café Savana, no filé grelhado do Heat, no Filé Mignon do Road House, no peito de frango do San Lorenzo Ristorante. Sem contar os restaurantes que usaram molho de mostarda em seus pratos sem recorrer ao apelo pseudo-glamouroso das denominações de origem.
Acho super válido a popularização dos ingredientes de qualidade produzidos além-mar, mas seu uso indiscriminado por chefs que crêem na ignorância gastronômica da classe média desprestigia a arte da boa mesa e a fama dos it-chefs. São nesses momentos de marasmo criativo nas cozinhas, que chefs desconhecidos ganham notoriedade, destaco os chefs do restaurante Panelinha Brasileira (Ademir Gudrim, os irmãos Gelson e Delza Leite, e Raul Ferreira da Costa Júnior), que oferecem um filé de pescada amarela ao molho de tucupi, acompanhado de brandade de purê de banana-da-terra, farinha d'água hidratada no leite de coco e jambu, em crosta de queijo coalho.
Uma genialidade perto da mesmice da Mostarda Dijon.